Moon of Alabama - Tradução: IrãNews
O primeiro artigo tem a ver com os ataques dos EUA, noite passada, contra vários alvos no leste da Síria. O segundo, na sequência, explica que aqueles ataques pouco efeito tiveram no Iraque. A justaposição demonstra a futilidade da campanha de bombardeio de Obama, parte das guerras por procuração já em curso contra a Síria. Resultado disso tudo, o Estado Islâmico resultará cada vez mais legitimado.Os EUA e alguma espécie de “coalizão” de ditaduras árabes bombardearam vários alvos relacionados ao Estado Islâmico no leste da Síria. O governo sírio foi informado sobre o ataque e não protestou abertamente contra ele.
Os EUA não atacaram posições do Estado Islâmico em torno da cidade de Kobane, no norte da Síria, onde o Estado Islâmico combate contra milícias curdas numa tentativa para abrir novo caminho logístico para o Estado Islâmico até a Turquia. Aceitar esse novo caminho logístico foi, provavelmente, parte do preço que a Turquia teve de pagar recentemente para libertar seus diplomatas capturados pelo Estado Islâmico.
Os EUA, só eles, bombardearam um alvo relacionado a uma específica parte da Frente al-Nusra no noroeste da Síria. Os EUA dizem que acertaram o “grupo Corassão”. Mas esse grupo não passade mais uma invenção do Pentágono, em sua nova campanha MID (“Medo, Incerteza e Dúvidas” [orig. ing., “Fear, Uncertainty & Doubt” (FUD)]). O tal grupo “Corassão” não passa de segmento da já conhecida e antiga Frente al-Nusra. O ISIL preparou-se para os anunciados ataques aéreos dos EUA e espalhou seus militantes e materiais, mas a Jabhat al-Nusra não se preparou e perdeu cerca de 50 combatentes. Um dos líderes da al-Nusra, Mohsen al-Fadli al-Kuwaiti, foi morto nesse ataque.
Hoje também a força aérea síria trabalhava para bombardear posições da Frente al-Nusra nas colinas do Golan, onde está a al-Nusra, como eu já noticiara,[1] abrindo um corredor da Jordânia até o Líbano e para ataques contra Damasco ao longo da linha de demarcação que separa Israel e Síria.
Mas Israel, em apoio perfeitamente visível e claro à Frente al-Nusra, derrubou o SU-24 sírio usando mísseis Patriot fornecidos pelos EUA. Embora Israel diga que a fronteira teria sido violada, o avião caiu em local muito distante da fronteira, perto de Kanaker, Síria, já a meio caminho entre a linha de demarcação e Damasco.
Escondida por trás dos ataques dos EUA ao Estado Islâmico e a outros alvos, Israel já praticamente implantou uma zona aérea de exclusão próxima ao Golan, que permitirá que a Frente al-Nusra sirva-se em segurança daquele corredor para atacar o Hizbullah em Qalamoun e no sul do Líbano. E também abre espaço para novos ataques a Damasco.
Os ataques dos EUA ao Estado Islâmico na Síria terão – como as manchetes do NYT não escondem – tão pouco efeito quanto têm no Iraque. Sem coordenar os ataques aéreos com força capaz disponível em solo, como o exército sírio, aqueles ataques dos EUA ao Estado Islâmico não farão qualquer diferença significativa.
Ainda não vi qualquer notícia de que os aviões dos EUA tivessem acertado algum dos grandes depósitos de armas ou munições onde estão os materiais que o Estado Islâmico capturou do exército iraquiano. Há cerca de 50 grandes tanques de combate e enorme quantidade de peças de artilharia pesada, em mãos do Estado Islâmico. O que está sendo feito para neutralizar essas armas?
[1] “As forças antigoverno que cooperam nessa operação são a Frente Síria Revolucionária [orig. Syrian Revolutionaries Front (SRF), apoiada pelos EUA e assistida pela Frente Islâmica, apoiada pela Arábia Saudita; e a Frente al-Nusra, da al-Qaeda, que acaba de receber 20 milhões do Qatar. Essas forças infiltraram-se a partir da Jordânia, através de Daara e dali para o norte e noroeste ao longo da fronteira com Israel. Esse movimento, durante o qual alguns observadores da ONU foram sequestrados por aquelas forças, foi apoiado por ataques da artilharia israelense contra unidades sírias que tentavam impedir o ataque” (15/9/2014, The New "Regime Change" Plan - Attack Damascus From The South, Moon of Alabama,http://www.moonofalabama.org/2014/09/syria-the-southern-attack-on-damascus.html, aqui traduzido).
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